Para que casos como o da UNESC e agora o da USP não aconteçam!
O Deputado Valmir Assunção (PT-BA), militante formado nas
fileiras da luta do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
propôs nesse ano o Projeto de Lei 1814/2011, no objetivo de regulamentar
a estabilidade acadêmica dos/das militantes do movimento estudantil.
Isso por saber, junto com outros movimentos sociais, que mesmo em tempos
de Governo Federal petista, há ainda uma grande pressão naqueles/as que
reivindicam outra sociedade, livre dos latifúndios, das injustiças e
desigualdades, e amparada por uma Universidade Democrática e Popular.
Já há previsões equivalentes na legislação brasileira. O artigo 8º em
seu inciso VIII da Constituição Federal consagrou a estabilidade
sindical em 1988, o que também é previsto na Consolidação das Leis do
Trabalho no artigo 543, §3º. Portanto, tal previsão não é novidade, e
sim, já foi antes também, motivo de bravatas da direita brasileira.
Voltando ao Projeto, o mesmo propõe em seu Artigo 1º a estabilidade
do vínculo acadêmico dos/das dirigentes do movimento estudantil.
Resumindo, esta estabilidade faria com que as instituições de ensino
fiquem impossibilitadas de: atribuir faltas aos/às dirigentes em
mandato, caso esteja no exercício de suas atividades da entidade
estudantil; aplicar penalidades (incluindo o desligamento) em virtude de
atos realizados no exercício regular do mandato estudantil; criar
entraves para que o/a dirigente possa acompanhar regularmente atividade
acadêmica, como provas e avaliações em datas alternativas, caso
coincidam com fóruns do movimento estudantil e para que sejam divulgadas
as quaisquer atividades estudantis.
Como bem sabemos, o movimento estudantil teve papel protagonista nas
principais manifestações populares no Brasil, e a educação sem dúvida
uma das áreas em que mais precisamos de avanços democráticos,
qualitativos, de ações afirmativas e de expansão. A todo instante
presenciamos servidores/as e professores/as em greve, realizando luta
para seus direitos trabalhistas e da educação: eles gozam de
estabilidade quando dirigentes sindicais.
O que queremos aqui é nada mais nada menos uma ampliação dos direitos
conquistados com a Lei 7.395/85 que prevê o direito à organização
estudantil, e regulamenta as suas entidades.
É comum Escolas (do Ensino Fundamental e Médio, e Universidades) adotarem punições severas às estudantes que se mobilizam. Da mesma forma se vê muito em várias Escolas à negativa de reconhecimento de órgãos estudantis, pressionando de forma abusiva e intransigente os/as dirigentes, sem falarmos das vezes em que há retaliações por parte das administrações aos/às dirigentes, quando de ações mais fortes. E há outra forma de pressão: a cobrança de faltas e a não realização de segunda chamada para avaliações. Esta pressão é marcante nas salas de aula e produzem o estereótipo do “estudante vagabundo”.
É comum Escolas (do Ensino Fundamental e Médio, e Universidades) adotarem punições severas às estudantes que se mobilizam. Da mesma forma se vê muito em várias Escolas à negativa de reconhecimento de órgãos estudantis, pressionando de forma abusiva e intransigente os/as dirigentes, sem falarmos das vezes em que há retaliações por parte das administrações aos/às dirigentes, quando de ações mais fortes. E há outra forma de pressão: a cobrança de faltas e a não realização de segunda chamada para avaliações. Esta pressão é marcante nas salas de aula e produzem o estereótipo do “estudante vagabundo”.
Bem, quando analisamos as lideranças políticas de hoje no exemplo do
segundo turno das eleições presidenciais em que Dilma e Serra
polarizaram (os dois, no passado, dirigente estudantis), os “estudantes
vagabundos” não estão tão mal representados assim.
Em tempos em que valores de participação coletiva, organização social
e reivindicação de direitos não são hegemônicos, cabe a nós criarmos
condições de ampliação para que mais pessoas possam atuar com garantias
pessoais, e no caso, acadêmicas, nas lutas.
Em Universidades particulares é comum o ato de proibição ou uma carga
imensa de burocracia para a criação dos órgãos estudantis, bem como a
perseguição e a tentativa de cooptação das lideranças. Nas
Universidades, pesa ainda a estrutura montada em épocas de Generais, com
decisões não paritárias e um poder exacerbado nas mãos dos professores.
Infelizmente, neste último mês vimos por duas ocasiões à liberdade de
organização e manifestação de estudantes serem atingidas em
Universidades.
Na UNESC de Criciúma em Santa Catarina, o ex-presidente do DCE Pedro
Victor teve instaurado um processo disciplinar que suspendia sua
formatura e poderia causar sua expulsão da dita Universidade
Comunitária. Tal processo foi baseado em denúncias do Pró-Reitor de
Finanças, que se sentiu ofendido com a Campanha do DCE contra o aumento
da mensalidade. Após a manifestação dos movimentos sociais, em destaque
ao próprio movimento estudantil, à sociedade de Criciúma e aos/às
estudantes da UNESC, a mesma voltou atrás.
Outro caso intrigante e indignante neste final de ano é a expulsão de
seis estudantes da USP que moram no CRUSP – Conjunto Residencial da
USP, processados depois de uma ocupação que reivindicou a melhoria nas
condições de moradia, bem como o aumento do número e vagas. O reitor da
USP, João Grandino Rodas, bem conhecido da polícia militar, considerou
que houve “ações graves”, fundamentando a decisão no artigo 249, IV, do
Regimento Interno da USP, instaurado por decreto em 1972, da época da
ditadura e das indicações. Aliás, lembremos, Rodas não foi o primeiro
colocado nas eleições, é Reitor pelo tapetão. Este mesmo Regimento
prevê a proibição de “promover manifestação ou propaganda de caráter
político-partidário, racial ou religioso, bem como incitar, promover ou
apoiar ausências coletivas aos trabalhos escolares”.
Estes casos destacam ainda mais a importância do PL 1814/2011. Para
aqueles/as que defendem uma sociedade democrática, passível de mudanças
populares e da pressão política dos movimentos sociais será um grande
avanço. Aqueles/as que sempre optaram pela manutenção do status quo que
esbravejem. Afinal, como diz Affonso Romano de Sant’Anna “este é um país
de síndicos em geral, este é um país de cínicos em geral, este é um
país de civis e generais”.
Nós, estudantes de hoje já acordamos no período democrático, e
queremos ampliá-lo. Deixem que as bravatas fiquem com eles, e seus
sonhos com os generais do passado. É hora de respirar liberdade, é hora
dos movimentos sociais, é hora do movimento estudantil crescer na luta!
Nós estaremos lá, com estabilidade acadêmica sim! Porque nas salas
aprendemos, e na luta das ruas que nos formamos, na teoria e na prática
propagamos uma nova escola e um novo mundo.
Ainda em hora, todo apoio ao movimento estudantil da UNESC e da USP: não nos calarão!
Ainda em hora, todo apoio ao movimento estudantil da UNESC e da USP: não nos calarão!
Guilherme Guimarães de Azevedo
3º Diretor de Políticas Educacionais da UNE
3º Diretor de Políticas Educacionais da UNE
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